segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 


SOBRE AS HABILIDADES FUNDAMENTAIS PARA A LINGUAGEM

 

São as habilidades visuais, auditivas, táteis, motoras, cognitivas e o conhecimento referencial. De acordo com pesquisas, existe uma hierarquia organizada dos níveis de integração sensorial. A criança progride das habilidades táteis para as visuais, então para as auditivas, e só então está pronta para dominar as habilidades cognitivas e de linguagem (Ayres, 1980).

Habilidades táteis, visuais e auditivas nos ajudam no caminho para fala e linguagem (Ayres e Mailloux, 1981). Elas nos auxiliam a aprender sons e palavras, nos habilitam a estabelecer feedbacks entre os olhos ouvidos, boca, lábios, língua, maxilares e o cérebro. Uma vez estabelecidas estas relações, podemos perceber se os fonemas e palavras soam e parecem certos para nós.

 

Habilidades de atenção

Atenção significa ser capaz de focar-se em uma pessoa, objeto, ou evento. Em bebês, observamos esta habilidade quando ele fica atento ao rosto de seus pais e escuta atentamente os sons de seu ambiente (Kumin, 1994).

 

Habilidades visuais

As habilidades visuais sobre as quais a linguagem se constrói são a recepção visual, contato ocular, olhar recíproco, atenção visual, localização visual e referente ocular (olhar referencial) (Kumin, 1994).

Recepção visual: é a habilidade de usar o sentido da visão, ou seja, uma combinação do que se vê e a habilidade de entender o que se vê. As Diretrizes de Saúde à Pessoa com Síndrome de Down do Ministério da Saúde recomentam a realização de exames oftalmológicos para investigar possíveis problemas que possam prejudicar a recepção visual.

Olhar recíproco: é o contato ocular, eu olho para você e você olha para mim. Devido ao baixo tônus muscular e dificuldades visuais, pode ser necessário proporcionar maior sustentação para a cabeça e pescoço e para compensar eventuais problemas visuais. Crianças com SD aprendem bem o contato ocular, que é base para aquisição de fala e linguagem pela observação e o olhar, bem como no contato ocular durante as futuras conversações.

Atenção visual: para aprender conceitos de linguagem, a criança precisa ser capaz de prestar atenção visualmente a um objeto, a olhar para ele por um longo período de tempo. Assim, uma vez que a criança consiga olhar para você, olhar para um objeto, e seguir um objeto em movimento, é importante mantê-lo olhando e prolongar o tempo do olhar.

Localização visual: ou acompanhamento visual. Capacidade de acompanhar visualmente objetos em movimento e localizá-los com o olhar. Ajuda a criança a aprender sobre o mundo que a cerca.

Referente ocular: significa que o bebê foca um objeto. No começo, o bebê vai simplesmente olhar para o objeto. Reagindo a este olhar, você pode então nomear o objeto. Na segunda fase, do olhar compartilhado, o bebê segue a linha do olhar da outra pessoa, e presta atenção naquilo que a outra pessoa está olhando. O olhar referencial é a base para aprender os nomes dos objetos. Quando uma criança pode olhar para um objeto, pode explorar um objeto, e domina a permanência do objeto, ela está pronta para aprender a palavra relacionada àquele objeto.

 

Habilidades auditivas

As habilidades auditivas fundamentais para a linguagem são:

Recepção auditiva: crianças com SD têm maior risco de perdas auditivas. São essenciais os controles pediátrico e audiológico periódicos e tratar todo problema auditivo que surgir (Cohen et al., 1999, Roizen et al., 1994, Shott,2000). Alguns tipos de testes podem ser feitos durante a primeira semana de vida do bebê. Otite média serosa – inflamação da orelha média com fluido atrás do tímpano – é o problema mais frequente que interfere na transmissão dos sons, e o resultado é uma perda auditiva condutiva flutuante. É difícil para uma criança aprender a ouvir e discriminar os sons quando ela às vezes ouve, às vezes não (Roberts e Medley,1995).

Atenção auditiva e aumento do tempo de atenção: quando é confirmado que a criança é capaz de ouvir sons ambientais e de fala, a prática de discriminar e atentar aos sons pode começar. Músicas ou fitas gravadas com sons familiares, brinquedos sonoros e jogos manuais com movimentos manuais ajudam. O objetivo é estender o tempo de atenção da criança aos sons.

Localização sonora: capacidade de localizar, de se virar para uma fonte sonora. Esta habilidade pode ser ensinada, desde que a criança tenha uma audição adequada. Uma boa técnica para ajudar uma criança a localizar sons, é sentar em uma cadeira giratória. Alguém toca um sino, ou toca uma música, fora do campo de visão da criança. Diga: “Você ouviu este sino?”. Gire então a cadeira e olhe diretamente para a fonte do som: “Ali está o sino.”A pessoa toca o sino outra vez, agora deixando que a criança o veja, para reforçar a conexão entre o sino e o som. Pratique localização sonora por curtos períodos, várias vezes ao dia (Kumin,1994).

Integração auditiva: é a habilidade de organizar e interpretar estímulos auditivos que incluem sons, fonemas, fala e música. Algumas crianças com SD têm dificuldade na integração auditiva, outras não. A dificuldade pode ser observada em uma variedade de situações incluindo dificuldade em tolerar sons altos, dificuldade em focalizar em mais de um falante ao mesmo tempo, e dificuldade em ouvir uma conversação quando há ruído ambiental.

 

 Habilidades táteis

O sentido do tato é muito importante para as crianças. Não só as auxilia a estabelecer contatos com pessoas e objetos, como também proporciona um meio de explorar seu mundo. Ao explorar, a criança estabelece laços de feedback que a ajudam a integrar informações sobre os objetos que toca. Crianças pequenas apreciam explorar texturas e podem ser bastante sensíveis ao toque. Elas podem não querer tocar ou ser tocadas (conhecido como defesa tátil). Habilidades táteis podem ser trabalhadas precocemente através de terapias de integração sensorial(Ayres, 1984).

 

Habilidades de imitação e habilidades motoras

Existem muitas oportunidades para ensinar e praticar imitação, que é uma habilidade básica para aprendizagem da produção de sons e palavras. A prática deve iniciar com imitação motora e evoluir para imitação corporal, imitação oro-motora e imitação de sons de fala.

 

Habilidades cognitivas

Para o desenvolvimento da linguagem, são importantes aprender alguns conceitos:

Permanência do objeto: é a conscientização de que um objeto ainda existe mesmo que não possa ser visto. Sabemos que uma criança tem a noção de permanência do objeto quando ela procura por um brinquedo escondido ou quando joga um brinquedo e depois procura por ele. Este é um precursor importante do nomear com fala ou sinais, pois sem a noção de objeto permanente, nomear objetos fica sem sentido.

Causa e efeito: é aprender que cada ação tem um resultado ou consequência. Crianças que estão aprendendo sobre causa e efeito gostam muito dos interruptores para acender e apagar luzes e ver o resultado instantâneo. Esta habilidade está intimamente relacionada à atenção comunicativa (Kumin, 1994).

Planejamento: é a compreensão de que um plano de ação é necessário para se atingir um objetivo. Por exemplo, se uma cadeira está na frente da TV, é preciso empurrar a cadeira para ver a TV. A criação de frases (uma habilidade de linguagem expressiva) e certas estratégias para comunicação estão baseadas nesta habilidade cognitiva.

 

Habilidades oro-motoras:

A hipotonia é comum em crianças com SD. Muitas das dificuldades observadas na inteligibilidade de fala são devidas ao baixo tônus muscular e fraca musculatura de lábios, língua e palato. O objetivo é ajudar a criança a desenvolver a força muscular e o controle da mobilidade oral. Isto pode ser feito com estimulação e com imitação. Exercícios de sucção podem ser utilizados. Usar um espelho para proporcionar feedback visual é bastante produtivo.

 

Habilidade de planejamento motor

Quando a criança pratica movimentos orais e percebe como produz os movimentos, o cérebro cria um registro, o que auxilia os movimentos a se tornar automáticos. Esta prática é indicada para todas as crianças com SD. Algumas delas têm dificuldade com o planejamento motor para fala, conhecida como dispraxia verbal, que só fica evidente mais tarde no desenvolvimento da criança.

 

Habilidade de produção de sons

O primeiro som que o bebê geralmente produz é o choro. À medida que se desenvolve, ele amplia a variedade de sons. Riso, resmungo, estalos, gritos são sons produzidos bem cedo. Quando a criança começa a produzir sequências de sons, por exemplo, babababa, mamamama, é chamado balbucio.

No início do balbucio, a criança parece gostar das sensações dos sons e logo começa a aproximar suas emissões aos sons de sua língua nativa. À medida que cresce, a criança começa a produzir mini conversações usando jargão. Isto demonstra entendimento do ritmo e inflexões da linguagem; ela conhece a melodia da linguagem, mas ainda precisa aprender as palavras. Este é o último estágio pré-verbal. Significa que a criança está quase pronta para usar palavras faladas.

 

 

 

 

 

 

 


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

FAZER OU NÃO FAZER CALIGRAFIA?


         Este assunto tem trazido, há algum tempo, inquietação aos pais e professores, que se sentem confusos em como proceder mediante um estudante com uma letra feia, ilegível, prejudicando o entendimento em tarefas escolares e avaliações.

     A caligrafia era usada no ensino tradicional, mas foi praticamente banida quando o construtivismo chegou às escolas, defendendo que é a criança que constrói o seu conhecimento e deve sentir-se livre para que se aproprie deste conhecimento.

     Algo, no entanto, não ficou bem esclarecido inicialmente aos professores que adotaram esta teoria em sua prática, generalizando os procedimento sem critérios, e é neste aspecto que vou procurar esclarecer porque sou a favor da caligrafia, porém com uso criterioso.

     A criança quando inicia o ano de alfabetização já deve ter se apropriado do alfabeto, que foi trabalhado no ano anterior, e estar escrevendo as letras em bastão. Normalmente a escrita com letra bastão ainda é irregular e não deve ser motivo de preocupação, pois nesta fase a criança ainda não tem coordenação motora fina bem estabelecida, devido à imaturidade, e é normal que a letra fique com dimensão espacial irregular. As letras cursivas só deverão ser inseridas no segundo semestre do primeiro ano, quando se espera que as crianças já tenham se apropriado do alfabeto, já possuam consciência dos fonemas, já façam a relação grafema-fonema e já se encontrem na fase silábico-alfabética, ou seja quase lendo, embora muitas já estejam lendo neste período. Neste momento não é indicado uso da caligrafia, pois é normal que a escrita das letras tenham dimensões grandes, e isto é absolutamente aceitável, não devendo sofrer nenhum tipo de tentativa de ajuste por parte dos pais e professores nesta fase inicial de apropriação.

     Entretanto a professora já deve ensinar o movimento correto das letras, ou seja o vai e volta, mas para isto a criança já deve estar fazendo esta relação grafema-fonema, do contrário, se a criança estiver imatura ou ela vai prestar atenção na relação dos sons ou vai prestar atenção neste movimento, o que dificultará sua apropriação, podendo interferir no processo da lecto-escrita. É por isto que as letras cursivas não podem ser ensinadas aos quatro ou cinco anos de idade como já vi muitas escolas fazerem. O ensino precoce, quando a criança ainda não tem maturidade para esta aprendizagem, poderá gerar inquietação, rejeição, desatenção e quando estiver na fase de alfabetização estará tão desestimulada que seu processo de aprendizagem de leitura e escrita sofrerá interferências podendo levar a dificuldades ao longo do ensino fundamental, sendo confundido inclusive com dislexia (leitura) ou disgrafia (escrita).

     Ao final do primeiro ano, espera-se que a criança esteja escrevendo a letra cursiva, que foi trabalhada desde o segundo semestre, com os movimentos corretos para que a escrita se torne ágil ao longo de sua vida acadêmica, entretanto sabemos que algumas crianças possuem um ritmo diferenciado, e é este outro aspecto que quero chamar atenção.

     Devemos procurar identificar, o motivo pelo qual a criança não conseguiu se apropriar destes movimentos para a escrita cursiva. Existem diversos fatores que poderão interferir como: imaturidade cognitiva, desmotivação, problemas emocionais graves, imaturidade motora, dentre outros. Porque é importante identificar? Porque cada situação deverá ser trabalhada de maneira diferenciada, com profissional adequado a cada situação. A imaturidade motora deverá ser trabalhada por um psicomotricista ou psicopedagogo que faça atividades com praxia manual e, a depender da gravidade, com Terapeuta Ocupacional. Para a imaturidade cognitiva a criança deverá ser submetida a estimulação que poderá ser com psicopedagogo. Já para os problemas emocionais e desmotivação o ideal é que receba ajuda de psicólogo especializado em crianças sempre observando a linha de trabalho do profissional, cognitivo-comportamental, gestalt etc.

     A caligrafia só deverá ser usada com as crianças que já passaram da fase de alfabetização, já entraram no segundo ano (antiga 1ª série), e ainda estão com a dimensão das letras muito irregulares, grandes demais, pois nesta fase já estarão realizando escrita no caderno e é necessário organização para seus estudos, do contrário ficará confuso e nem ele mesmo irá entender o que escreveu, prejudicando seu rendimento escolar.
Se a criança tiver recebido orientação na fase de alfabetização a cerca dos movimentos das letras, a caligrafia só será usada para redimensionar estas letras, no entanto se ela não lembra deste movimentos é importante que isto também seja trabalhado.

      Muitos recursos poderão ser usados para apreensão deste movimento, para que somente o uso da caligrafia não fique cansativo. A criança poderá ser convidade a realizar a escrita em caixa de areia, caixa com sal ou caixa com arroz, poderá realizar os movimento até na hora do banho no blindex passando sabão e escrevendo as letras, os adultos poderão escrever as letras cursivas em lixas de parede e pedir que a criança siga o movimento com os dedos depois faça o movimento na areia e depois na caligrafia. São muitas as possibilidades terapêuticas de reabilitação para a escrita de maneira lúdica e atraente.

     É necessário alertar que existem distúrbios como a disgrafia, que é um distúrbio da escrita, que muitas vezes vem associado à dislexia, e que não é tão simples de ser tratado. A disgrafia não é só a letra feia, é também a dificuldade de lembrar-se da forma da letra, que dificulta inclusive a leitura, que muitas vezes vem junto com uma dispraxia, o que interfere na praxia motora ocasionando prejuízos na escrita. Neste caso o trabalho deverá ser intenso, com psicopedagogo, psicomotricista, compreensão e colaboração da escola, e também de pais no sentido de evitar críticas e solicitações de apagar e fazer várias vezes, gerando angústia e baixa auto-estima na criança.

     O que se espera com este trabalho não é que o aluno fique com a letra linda, mas que a letra fique suficientemente legível nas suas atividades e avaliações, facilitando seus estudos e rendimento escolar.

Por Simaia Sampaio - psicopedagoga, neuropsicóloga.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

ATENDIMENTOS

Contato  (19) 99941 5243

TESTES PROJETIVOS



Desde criança, gostamos muito de desenhar. Qualquer cantinho vazio de papel, qualquer lugar que possamos rabiscar, lá estamos nós. Desenhamos qualquer coisa e dizemos qualquer significado e os adultos acham lindo, tudo que a criança faz de desenho e mostra aos pais, é lindo.
Estes desenhos no entanto, às vezes apresentam através da interpretação, atitudes negativas ou positivas, pois a criança desenha situações ou objetos por exemplo, da maneira que os interpreta e de acordo com a realidade em que vive.
O Psicopedagogo assim como o Psicólogo, tem habilidades para trabalhar com a criança através do desenho infantil, pois é através de um processo avaliativo e não só do desenho isolado, que estes profissionais poderão detectar algo importante que a criança esteja tentando nos transmitir. Através deste processo, pode-se detectar por exemplo, problemas emocionais, comportamentais, escolares, no âmbito familiar, depressão, entre outros. Verificado o problema, encaminha-se então a criança ao profissional habilitado para realização da terapia adequada.
Lembramos que é importante uma equipe multidisciplinar para a realização de um bom diagnóstico e terapia, contendo psicopedagogo e psicólogo, podendo também ser encaminhado o caso para avaliação com  fonoaudiólogo, neurologista,  otorrinolaringologista e oftamologista.
A criança é um todo, e não,  partes. Quando uma coisa não funciona bem, pode afetar outras coisas.
Para a avaliação diagnóstica através do desenho infantil, podemos realizar alguns testes como:
Testes Projetivos
Avalia os vínculos relacionais que podem interferir no processo de aprendizagem.
  1. Alegoria Animais;
  2. Par Educativo;
  3. Os quatro momentos do dia;
  4. Desenho livre;
  5. Família Educativa;
  6. Plano de minha casa;
  7. Desenhos em episódios;
  8. Dia do meu aniversário.
Estes são alguns dos testes aplicados, dentre tantos.
Se desejar saber mais a respeito do assunto, entre em contato: vividenardi@gmail.com

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

MEU FILHO NÃO VAI BEM NA ESCOLA



Existem vários motivos que podem atrapalhar uma criança na escola. Alguns deles são:
1. Uma criança pode achar que ir para escola não é importante, porque seus pais não conseguem lhe mostrar essa importância.
2. Uma criança pode pensar que assim que seus pais não precisaram estudar para se dar bem na vida ela também não precisará.
3. Uma criança não pode aprender porque não sabe lidar com as leis e as regras da vida.
4. Uma criança pode não aprender porque seus pais, na tentativa de acertar, erraram por não estabelecer regras e limites. Desta forma, não possibilitaram que a criança aprendesse a ser disciplinada, condição essencial ao trabalho intelectual.
5. Uma criança pode ter problema de saúde que atrapalha sua aprendizagem escolar.
6. Uma criança pode não aprender porque seu professor pode não saber ensinar.
7. Uma criança pode não aprender porque precisa de uma ajuda especial e seu professor e sua família não sabem disso.
O que o psicopedagogo pode fazer é descobrir esse motivo e ajudar você e a escola a encontrarem formas de solucionar esse problema. Pode ainda evitar que essas "coisas" cheguem a atrapalhar a aprendizagem escolar.

(Nadia a. Bossa,2000)